Direito de Família na Mídia
Referências familiares impedem a adoção de crianças abrigadas
30/07/2008 Fonte: ANDIDas 80 mil crianças que vivem em abrigos do país, 87% não estão ali por ser órfãs. São meninos e meninas que têm referências familiares e, por isso, não estão disponíveis para a adoção. Vivem na fronteira entre duas possibilidades que anulam uma à outra e transformam não só seu futuro, mas também seu dia-a-dia em incerteza.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, (Ipea), 24% delas são deixadas em instituições por pais sem recursos financeiros e 11% estão nelas porque sofreram violência doméstica. Pouco mais da metade (58%) ainda tem convivência esporádica com algum membro da família. Segundo o IBGE, 41,4% das famílias brasileiras com filhos de até 6 anos - o equivalente a 7 milhões de lares - vivem abaixo da linha de pobreza, com menos de meio salário mínimo. O resultado de tamanha escassez de recursos - somada à falta de educação e estrutura emocional - é o freqüente abandono das crianças.
Está para ser voltado na Câmara dos Deputados o projeto da Lei Nacional da Adoção, que determina, entre outros pontos, a agilização da retirada do poder família, cujo processo atualmente dura em média quatro anos. "Quando fica claro que os laços foram desfeitos, não há por que fazer uma criança esperar anos e anos por algo que não virá. A conseqüência é que ela sai de lá adulta, sem preparo para o mercado de trabalho nem para o convívio comunitário", diz o autor do projeto, deputado João Matos (PMDB-SC). Quase metade (46%) das crianças que estão em abrigos não tem nenhum acompanhamento judicial ou do Ministério Público - outro fator que dificulta o processo de adoção.
"Revista Época, Martha Mendonça - 29/07/2008"